O blog tem o intuíto de informar notícias vergonhosas ou incrédulas, algumas divertidas, outras nem tanto, e outras que dá asco de falar, mas que tem que ser falado, discutido e pensado na nossa sociedade. Afinal, é vergonhoso tem que estar aqui.
Na última semana um caso em especial chocou as redes sociais, o caso da jovem de 16 anos que foi dopada estuprada por 30 ou 33 homens, com fotos e vídeos do abuso divulgados nas redes sociais, onde os autores do crime zombam e esculacham a garota.
Não bastasse 'somente' isso, de início diversos sites noticiaram que a garota tem apenas 16 anos, mãe de uma criança de 3 anos, usuária de drogas, frequentante de bailes funks, frequentadora de favelas, entre diversos outros ataques.
Os boatos já foram desmentidos, os sites pararam de querer denegrir a imagem da garota, mas tudo isso está mais para CULPABILIZAÇÃO AUTOMÁTICA DA VÍTIMA. Pois, é mais fácil tentar justificar a monstruosidade de criminosos, tentar amenizar a violenta sociedade em que vivemos jogando a culpa na vítima.
Mas daí eu te pergunto: mesmo que essas informações fossem verídicas, algum destes é fator determinante para que ela fosse estuprada?
Me responda...
- -Ser mãe na adolescência quer dizer que quero/mereço ser estuprada?
- -Ser mãe na adolescência significa que gosto de sexo e por isso qualquer homem pode fazê-lo comigo mesmo contra minha vontade?
- -Ter 16 anos de idade e ser mãe de uma criança de 3 anos é motivo para me doparem e usarem meu corpo sem minha permissão?
- -Se eu vou a um baile funk quer dizer que mereço ser estuprada?
- -Se moro na favela mereço ser mais estuprada que quem mora na zona sul?
- -Se ando sozinha na rua voltando do trabalho, escola, faculdade, mercado ou padaria, quer dizer que mereço ser estuprada?
- -Se saio de vestido ou calça jeans quero ser estuprada?
- -Se sou usuária de droga, alguém tem liberdade de abusar do meu corpo sem eu estar consentindo para tal?
- -Se eu não sou usuária de drogas e entorpecentes, alguém tem direito de também me dopar e abusar do meu corpo sem meu consentimento?
- -Se gosto de sair, seja pra baile funk ou outro tipo de festa (como esta) quero ser estuprada?
- -Morar na favela é sinônimo de estar vulnerável ao estupro?
- -Por ter nascido mulher devo ter o desgosto de ser estuprada?
O fato de terem sido 33, 30, 20, 10 ou 01 estuprador não é mais ou menos revoltante que o pai, padrasto, avô, amigo, tio ou vizinho estuprador.
Este caso do RJ infelizmente não é um caso isolado. Inúmeras mulheres, crianças e adolescentes são violentadas e estupradas e não têm coragem de denunciar, por vergonha, medo ou impunidade do criminoso. A própria advogada Eloisa Samy, que saiu do caso, afirma estar surpresa com toda a repercussão do caso, pois só neste ano, já atendeu mais de 30 mulheres em situação semelhante à da adolescente, sem que nada aparecesse na imprensa.
A delegada Cristiana Bento, titular da delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) afirmou que o processo corre sob segredo de justiça e, por isso, não daria acesso às declarações prestadas pela vítima e pelos suspeitos.
"A minha convicção é a de que houve estupro. Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. O estupro está provado. O que eu quero agora é verificar a extensão desses estupro, quantas pessoas praticaram esse crime", disse a delegada. Que ainda destacou que "o vídeo prova o abuso sexual. Além do depoimento da vítima".
A Polícia Civil do Rio procura nesta segunda-feira seis homens acusados de envolvimento no estupro coletivo da adolescente. Estão sendo procurados Sérgio Luiz da Silva Júnior, conhecido como Da Russa; Marcelo Miranda da Cruz Correa; Raphael Assis Duarte Belo; Michel Brasil da Silva; Lucas Perdomo Duarte Santos; e Raí de Souza. Da Russa é apontado como chefe do tráfico do Morro da Barão, na Praça Seca, onde ocorreu o crime. O Disque Denúncia oferece R$ 1 mil para quem der informações sobre seu paradeiro. Santos tinha um relacionamento com a vítima. QUE NOJO!
E onde está o machismo no caso?
Em TODO o caso, começando pelo primeiro delegado que acompanhou o caso, Alessandro Thiers. Alessandro afirmou não estar convencido de que realmente houve estupro coletivo no caso.
Diante disso fiquei comovida e resolvi ajudar o delegado!
Querido Alessandro Thiers, segue abaixo uma definição simples de 'estupro' que você pode encontrar em qualquer dicionário da língua portuguesa, não precisa revisar seus livros de direito:
estupro | s. m. (do latim stuprum, -i)1ª pess. sing. pres. ind. de estuprar
es·tu·pro =Ato de forçar alguém a ter relações sexuais contra a sua vontade.
Sendo assim, podemos concluir que "contra a sua vontade" inclui o vídeo de uma pessoa desacordada, dopada e inconsciente de seus atos, não é mesmo?
Segundo o relato de Samy, a advogada que estava na defesa da vítima, durante o depoimento o delegado fez perguntas que claramente tentavam culpá-la pelo estupro. Ele chegou a perguntar: 'Você tem por hábito participar de sexo em grupo'.
De tão absurdo chega a ser inacreditável!!!
De tão absurdo chega a ser inacreditável!!!
"Ele mostra uma atitude machista por claramente desqualificar a vítima e a violência que ela sofreu, a responsabilizando pela violência do estupro. Assim, ele faz com que ela sofra duas vezes, com a violência do estupro e com a violência inconstitucional pelo descrédito que lhe é dirigido", acrescentou Samy.
Sendo assim, fica fácil perceber o que faz com que tantas vítimas de estupro deixem de denunciar seus agressores no Brasil. Machismo, misoginia, impunidade e culpabilização da vítima são fatores impregnados na nossa sociedade, e não é de hoje.
Pra ter idéia do que estou dizendo, recomendo esta leitura aqui da edição 349, de julho de 2015 da revista Super Interessante.
Muita gente fez como o delegado e como a mídia pré julgando e ridicularizando a vítima, a começar pelo compartilhamento das fotos e vídeos de um ato violento e inescrupuloso e ainda apontar a garota como errada ou como 'puta'.
Não sei quem é mais doente e demente, quem compartilhou, quem postou e quem fez o ato.
O que sei é que vivemos numa sociedade doente! Onde vítima é culpada, julgada, questionada e atacada enquanto agressores fazem um depoimento e são liberados.
Esquecemos do nosso direito constitucional de ir e vir, seja homem ou mulher.
Como este estupro coletivo não é um caso isolado de inúmeras mulheres violentadas e estupradas, que seja o 'start' para que a sociedade abra seus olhos e cabeças, revejam seus conceitos e preconceitos, avalie seus atos e exigir leis mais efetivas e punitivas aos agressores e criminosos
A maravilhosa Hebe Camargo nos 31 segundos deste vídeo dá uma idéia aos nossos senadores e deputados quanto a isso.
#PraSempreHebinha ;)
Se o link do vídeo não abrir, tente aqui: 0:02 / 5:23
Como este estupro coletivo não é um caso isolado de inúmeras mulheres violentadas e estupradas, que seja o 'start' para que a sociedade abra seus olhos e cabeças, revejam seus conceitos e preconceitos, avalie seus atos e exigir leis mais efetivas e punitivas aos agressores e criminosos
A maravilhosa Hebe Camargo nos 31 segundos deste vídeo dá uma idéia aos nossos senadores e deputados quanto a isso.
#PraSempreHebinha ;)
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